Kely Cristina Belato – Vampyra

 

Data de nascimento: 21/03/1984

 

Kely Cristina Belato iniciou-se na capoeira no ano 2000, como aluna de Diogo Sant’Ana Fardin (mestre Bulldog), assim que começou a namorá-lo. Para estar mais tempo perto do namorado, resolveu ser sua aluna, e rapidamente aprendeu a tocar berimbau nas rodas. Após 1 ano de namoro, foram morar juntos.

Desde o início do relacionamento, tocava, cantava e participava ativamente de aulas e eventos, para que pudesse construir sua própria história na capoeira. “Sou mulher e sou capoeirista”, destaca Kely. “O machismo na capoeira sempre foi muito forte, por isso demorei a conseguir me impor. No início, por exemplo, os homens nunca queriam me passar o berimbau para que eu tocasse. Mas, aos poucos, fui conseguindo ganhar a confiança e o respeito deles, e hoje já não tenho mais esse problema”.

Recebeu o apelido de Vampyra logo que começou a praticar capoeira. Como tinha alguns dentes “encavalados” e não gostava de sorrir, por vergonha, acabou recebendo o apelido que perdura até hoje. O apelido é um elemento tradicional na capoeira, o qual era utilizado pelos escravizados – e depois ex-escravizados – para que não fossem identificados pela polícia, que costumava reprimir as rodas de capoeira.

No ano de 2012, Kely formou-se em Educação Física, e logo depois fez uma pós-graduação em Educação Inclusiva. No ano de 2013, recebeu, da Prefeitura Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, o título de Guardiã da Bondade, pelos relevantes serviços prestados a comunidades carentes do município. Em 2023, recebeu, da Câmara Municipal de Cachoeiro de Itapemirim, a Comenda João Tobogã. Em 2024, recebeu o título de Dra. Honoris Causa, e, no mesmo ano, foi reconhecida como Patrimônio Vivo de Cachoeiro de Itapemirim. Hoje, além das aulas na sede do Ponto de Cultura Mocambos Capoeira, é especialista em capoeira adaptada, capoeira infantil e capoeira inclusiva, e trabalha com a ludicidade dentro da capoeira.

Atualmente, Kely é mestranda na Associação Cultural Mocambos Capoeira, com 25 anos de atuação com a cultura afro-brasileira. Ela vê cada graduação como um rito de passagem: “É através das graduações sucessivas dos alunos que os conhecimentos vão sendo transmitidos para as novas gerações, por isso a capoeira nunca vai morrer”. Kely tem a capoeira como missão: sua felicidade é ver a alegria das crianças com quem trabalha. É essa alegria que a motiva a continuar, apesar de todas as dificuldades e preconceitos. Ela tem consciência de sua responsabilidade, por ser um espelho para seus alunos, por isso leva sua missão com muita seriedade.

 

Texto produzido a partir de entrevista concedida por Kely Cristina Belato a Genildo Coelho Hautequestt Filho, em 2024.

 

Fotos: Luan Faitanin Volpato

 

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