Terezinha de Jesus de Oliveira Francisco

 

Data de nascimento: 09/03/1956

 

A artesã Terezinha de Jesus Oliveira Francisco nasceu em Arraial do Café, município de Alegre (ES). Mora em Cachoeiro desde menina, sempre no bairro Zumbi.  Há mais de 40 anos mantém a casa de oração “Centro Espírita de São Jorge”, onde atende pessoas em busca de conforto espiritual.

Mestra do grupo de Bate Flechas de São Sebastião São Jorge Guerreiro e Mártir São Sebastião, ela conta que na juventude tinha aversão ao trabalho espiritual. E resistiu o quanto pôde, até se render à missão que o próprio avô profetizara, quando ela tinha por volta de seis anos de idade. “Um dia ele olhou para mim e disse que eu teria uma missão a cumprir. Só pude compreender isso bem mais tarde”.

Altiva, serena e articulada, Terezinha atribui seu equilíbrio à obediência de princípios que considera definitivos, como o respeito ao próximo, e à aceitação do desafio exercer uma liderança espiritual. Ela revela que as primeiras manifestações de mediunidade aconteceram na adolescência, por volta dos 14 anos.

“Fiquei assustada e resisti. Não queria me envolver com forças ruins. Decidi que só aceitaria se fosse para fazer o bem. E tem sido assim nesses anos todos”. No começo ela atendia em centros de outras pessoas. Em 1986 o marido Jovaldino Francisco sugeriu que abrisse um quarto de oração na própria casa.

A missão a que Terezinha se refere está diretamente ligada ao Bate Flechas, folguedo cuja ritualística está associada a um contexto religioso e que tem na dança um de seus principais componentes. O Bate Flechas louva São Sebastião. Mas cada grupo incorpora homenagens a outros santos, em especial à Nossa Senhora Aparecida, de quem a artesã é devota.

Terezinha participa de Bate Flechas há muitos anos, mas só recentemente montou o próprio grupo. E é exigente. “Gosto de tudo muito bem organizado”, frisa. Antes de liderar o Bate Flechas de São Sebastião, contribuiu para o resgate da tradição da Dança de Fitas, cuja apresentação é feita mais comumente no mês de junho.

Ciente da responsabilidade que tem diante da comunidade, Terezinha afirma que sua vida seria muito difícil caso não cedesse à profecia do avô. “Talvez nem estivesse viva”, pondera. Acolhedora, diz que se a pessoa bater em sua porta pedindo oração para a família, será atendida. Mas caso não demonstre respeito, manda seguir em frente. “Enquanto Deus me determinar, vou cumprir minha missão”.

Sobre a função do mestre, compara com o cuidado em relação à própria casa. “É preciso disciplina e autoridade”.  E assinala que tem fé incondicional na força do livre arbítrio. “Aquilo que é bom Deus já colocou no nosso caminho. Basta escolher. O que não queremos para a gente, não devemos fazer para os outros”, ensina.

 

Fotos: Luan Faitanin Volpato

 

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