Zeli dos Santos Ventura
Data de nascimento: 12/06/1956
Filha de Rosa Silva dos Santos e Filismino dos Santos, Zeli dos Santos Ventura nasceu em Burarama, onde seus pais trabalhavam como colonos de fazendeiros da região. Com 16 anos, casou-se Maurílio Ventura, com quem teve 8 filhos, 20 netos e 3 bisnetos.
Aos 10 anos de idade, já trabalhava na casa dos patrões de seus pais e, aos 16 anos, quando se casou, foi trabalhar na roça cortando cana e colhendo café junto com seu marido. Em 1997 começou a trabalhar na EMEB Monte Alegre, onde ficou até se aposentar, em 2019. Mesmo assim, no período de safra, continha trabalhando na “panha” (colheita) do café.
Quando ainda era muito nova, a Folia de Reis Mensagem Divina, do mestre Areno Francisco dos Santos, sempre passava por sua casa. Seu pai e seu avô eram foliões e, por isso, gostava muito da folia.
Já o caxambu, Zeli conheceu ainda criança. Seu tio-avô João Carreiro, que morava na comunidade de Jacutinga, em Jerônimo Monteiro (ES), tinha um grupo de caxambu, e seu pai gostava muito. Mas naquele tempo criança não podia entrar na roda.
Somente após se casar e ir morar no Quilombo Monte Alegre é que começou a participar do grupo. Seus sogros Nelson Ventura e Carli Maria Ventura é que cuidavam dos tambores, e seu marido Maurílio é quem tocava o tambor pequeno. Antigamente o sogro não deixava ninguém tocar nos tambores, pois eram uma tradição que vinha das raízes da sua família. O sogro levava o caxambu para toda parte. “Iam de caminhão com a criançada toda”, relembra Zeli.
Toda orgulhosa, a mestra fala que seus filhos também gostam muito, mas, como moram fora, não conseguem acompanhar o grupo. A mestra se ressente do preconceito que ela e seus companheiros do grupo sofrem na comunidade por parte dos evangélicos.
Para Zeli, “o caxambu é uma cultura que vem lá de longe, é muito importante para as crianças da comunidade terem uma cultura para se inspirar, por isso ela não pode acabar. Amo pular e cantar caxambu, é uma coisa muito boa. Enquanto eu estiver viva, vou seguir o caxambu”, destaca a mestra.
Texto produzido a partir de entrevista concedida por Zeli dos Santos Ventura a Genildo Coelho Hautequestt Filho, em 2024.
Fotos: Luan Faitanin Volpato